Seguidores

domingo, 25 de julho de 2021

Primeiro passamos pela fase da não aceitação, de tentar embranquecer de alguma forma. Nos adequamos a um padrão, nos escondemos do mundo. Depois vem a consciência de nossa luta, de nos enxergarmos como atores sociais. Aí surge o orgulho. Gritamos pro mundo NEGRA! SIM, SOU NEGRA! Então partimos pra vida como se despertassemos pra um outro mundo. Identidade, ancestralidade, história. Minha vida. Lindo poema. Com uma voz forte e intensa, Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra declama seu poema “Gritaram-me nega” em referencia a experiência de preconceito vivida ainda criança dentro de um grupo de amigos que a expulsaram simplesmente por ser negra. Foi a partir deste momento que a poeta, coreógrafa, estilista e folclorista afro-peruana passou a refletir sobre a importância do sofrimento, percebendo que certas injustiças poderiam até despertar ódio. Tais experiências fizeram com que ela se reconhecesse como negra, aumentando assim sua autoestima e fazendo com que descobrisse o prazer de viver de uma forma mais equilibrada. Victoria cresceu, consciente de sua negritude. Nascida em La Vitoria, província de Lima, Peru, no ano de 1922, a arte e a cultura afro-peruana a rodeava. Seu pai, Nicomedes Santa Cruz Aparicio, foi um importante dramaturgo e poeta, e sua mãe, Victoria Gamarra, bailarina de marinera (dança típica do Peru que une raízes culturais indígenas, africanas e espanholas) e filha de um famoso ator. Aos 36 anos, Victoria cria o grupo Cumanana juntamente com seu irmão mais novo, o poeta, pesquisador e jornalista Nicomedes Santa Cruz Gamarra, um dos primeiros grupos teatrais inteiramente integrado por negros que tinha como intuito difundir as diversas vertentes da cultura afro-peruana. Deste projeto, posteriormente, foram lançados alguns discos contando um pouco da história deste povo e de suas manifestações artísticas. Com a possibilidade de viajar a Paris para estudar na Universidade de Teatro das Nações e Escola Superior de Estudos Coreográficos, a poeta se destaca como figurinista, trabalhando em obras como “El retablo de Don Cristóbal”, de García Lorca e em “La Rosa de Papel”, de Ramón Del Valle Inclán.





 

Nenhum comentário:

Postar um comentário