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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A Sociedade dos Indivíduos. NORBERT, Elias. Aula 3 - Norbert Elias, sociólogo alemão, aborda a relação indivíduo/sociedade de modo a esquivar-se de uma paralisante dicotomia entre os termos, seus esforços vão no sentido de estabelecer uma tensa e dinâmica interação entre eles. Ao examinar tal relação, questiona o papel do indivíduo e suas possibilidades de influir na mudança social; o caso do gênio – situação-limite da provável influência do indivíduo – O presente ensaio aborda as mudanças nos costumes da sociedade que se processa desde sua origem até a atualidade. Ou seja, seu processo transformador. A teoria sociológica formulada por Elias pode ser considerada uma abordagem de caráter crítico, os quais os conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas. Hannah Arendt também ressalta que a sociedade é condicionada e condicionante aos indivíduos onde ali vivem. Portanto, sociedade e indivíduos são dependentes entre si. Este ensaio faz uma aproximação entre as teorias de Norbert Alias e Hannah Arendt (1906-1975), a qual a autora evidencia que são as condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem faz parte.


 

domingo, 25 de julho de 2021

No dia 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Essa data relembra o marco internacional de luta e resistência da mulher negra para reafirmar a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo vivido até hoje por mulheres que sofrem com a discriminação racial, social e de gênero. No Brasil, a data também é celebrada pelo Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola de destaque que resistiu à escravidão durante duas décadas no século XVIII, lutando pela comunidade negra e indígena que vivia sob sua liderança. Afinal, o que é racismo e sexismo? Racismo é a crença da existência da superioridade inerente de uma “raça” sobre as demais e, consequentemente, o seu direito de exercer o poder na sociedade e dominar os representantes dos outros grupos raciais. Sexismo é a crença na existência da superioridade natural de um dos sexos e a inferioridade do outro, e a legitimação do exercício de poder de representantes de um dos sexos sobre os representantes do outro sexo. Ambos, racismo e sexismo, são formas de preconceito que ficam ainda mais complexas a partir de sua interação com outros preconceitos como a xenofobia, LGBTfobia, o preconceito geracional e de classe social. O preconceito e a discriminação violentam o exercício de direitos das pessoas cotidianamente. O racismo e o sexismo são muitas vezes naturalizados e banalizados na nossa sociedade. As mulheres negras estão no topo da cadeia de vulnerabilidade. Quando há uma violência contra a mulher, a vítima é negra em mais da metade dos casos. Os dados reforçam o impacto do machismo e do sexismo em relação às mulheres negras e a aniquilação de seus corpos e suas vidas. De acordo com o mapa da violência, a vitimização entre as mulheres negras no Brasil cresceu 54,2%, enquanto o homicídio das brancas caiu 9,8%. Os dados mostram que o feminicídio tem cor. As mulheres negras são discriminadas em diversos setores. No mercado de trabalho, estão expostas a condições precárias de emprego, baixa remuneração, diferença desigual de salários, exploração da mão de obra e assédio moral e sexual, em razão da herança cultural racista e escravocrata.





 

Primeiro passamos pela fase da não aceitação, de tentar embranquecer de alguma forma. Nos adequamos a um padrão, nos escondemos do mundo. Depois vem a consciência de nossa luta, de nos enxergarmos como atores sociais. Aí surge o orgulho. Gritamos pro mundo NEGRA! SIM, SOU NEGRA! Então partimos pra vida como se despertassemos pra um outro mundo. Identidade, ancestralidade, história. Minha vida. Lindo poema. Com uma voz forte e intensa, Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra declama seu poema “Gritaram-me nega” em referencia a experiência de preconceito vivida ainda criança dentro de um grupo de amigos que a expulsaram simplesmente por ser negra. Foi a partir deste momento que a poeta, coreógrafa, estilista e folclorista afro-peruana passou a refletir sobre a importância do sofrimento, percebendo que certas injustiças poderiam até despertar ódio. Tais experiências fizeram com que ela se reconhecesse como negra, aumentando assim sua autoestima e fazendo com que descobrisse o prazer de viver de uma forma mais equilibrada. Victoria cresceu, consciente de sua negritude. Nascida em La Vitoria, província de Lima, Peru, no ano de 1922, a arte e a cultura afro-peruana a rodeava. Seu pai, Nicomedes Santa Cruz Aparicio, foi um importante dramaturgo e poeta, e sua mãe, Victoria Gamarra, bailarina de marinera (dança típica do Peru que une raízes culturais indígenas, africanas e espanholas) e filha de um famoso ator. Aos 36 anos, Victoria cria o grupo Cumanana juntamente com seu irmão mais novo, o poeta, pesquisador e jornalista Nicomedes Santa Cruz Gamarra, um dos primeiros grupos teatrais inteiramente integrado por negros que tinha como intuito difundir as diversas vertentes da cultura afro-peruana. Deste projeto, posteriormente, foram lançados alguns discos contando um pouco da história deste povo e de suas manifestações artísticas. Com a possibilidade de viajar a Paris para estudar na Universidade de Teatro das Nações e Escola Superior de Estudos Coreográficos, a poeta se destaca como figurinista, trabalhando em obras como “El retablo de Don Cristóbal”, de García Lorca e em “La Rosa de Papel”, de Ramón Del Valle Inclán.





 

Angela Davis se tornou famosa por sua atuação junto aos Panteras Negras nos Estados Unidos entre as décadas de 60 e 70. Seu ativismo é embasado numa trajetória intelectual de excelência: ela foi uma das três alunas negras da Brandeis University, onde fez sua graduação, e depois tornou-se aluna do filósofo Herbert Marcuse nas universidades de Frankfurt e California, San Diego. Já publicou mais de 10 livros sobre temas como feminismo e a luta de classes vista da perspectiva racial. A estruturação do racismo no Brasil e o feminismo negro. analisar os processos sociais por meio dos quais negros e negras são, com frequência, relegados a posições menos privilegiadas.


 

As vozes exteriores que marcam o discurso, essa multiplicidade de vozes e consciências independentes e distintas que representam pontos de vista sobre o mundo, constituída na voz do enunciador como lugar de habitação de outras vozes. Com Foucault (2008) aprendemos que “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar” (FOUCAULT, 2008, p.10). E esses discursos que se apoderam do conceito de interseccionalidade também pode se apoderar do conceito de negritude e o poder de todos. Negritude é um termo utilizado para designar movimentos de ruptura de padrões culturais impostos pelos colonizadores. Discutir relações de gênero e raça contribuirá para a melhoria de relações entre gêneros e entre todos os segmentos étnicos. Sinto falta de nossos negros contemporaneos nas pautas das Universidades Achille Mbembe , Angela Davis , bell hooks, Chimamanda Ngozi Adichie, Frantz Fanon, Lélia Gonzalez, Neil deGrasse Tyson, Sueli Carneiro


 

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira que se tornou um fenômeno literário na década de 60, com auxílio do jornalista Audálio Dantas. Seu livro de estreia, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, ficou no topo da lista de mais vendidos e foi publicado em mais 13 países. O que mais chama a atenção na história da escritora negra, pobre e favelada é que ela reunia características que até hoje fazem milhões de mulheres serem discriminadas e excluídas socialmente. Carolina começou a estudar aos sete anos, mas interrompeu o curso no segundo ano. Apesar do pouco tempo na escola, ela conseguiu aprender a ler e a escrever e ainda desenvolveu o gosto pela leitura. Tempos depois, tornou-se mãe de três filhos e os sustentou sozinha trabalhando como catadora.